Outro dia desses estava batendo um papo com o amigo Adilson sobre rock and roll, conversávamos sobre nossas bandas preferidas, sobre novas bandas e as mudanças que ocorrem no meio musical. Essas mudanças se tornaram o foco principal da conversa. Qual a razão de uma banda mudar seu direcionamento musical? Necessidade de adequação ao mercado, evolução musical ou uma necessidade natural do ser humano em buscar sempre algo novo?
De fato eu acho que não agüentaria ficar fazendo a mesma coisa anos e anos sem acrescentar nada de novo, uma nuance diferente aqui e ali. Na verdade não conheço ninguém que tenha conseguido esse feito, nenhum artista. Eu pensei em AC/DC e Motorhead, afinal eles estão na estrada há tanto tempo fazendo o mesmo som. Na essência pode até ser, mas se formos imparciais na análise, percebe-se que houve alguma mudança no som dessas bandas com o passar dos anos. Algumas mudanças que não foram perceptíveis, pois ocorreram aos poucos, gradativamente. Se compararmos os primeiros álbuns das bandas citadas com qualquer outro álbum deles em uma outra época, veremos algumas mudanças aqui e ali, é fato, basta ouvir com calma e imparcialidade.
No Hard Rock, gênero musical que eu mais gosto, as mudanças chegaram a assustar no inicio. Em 1991 quando o Skid Row soltou álbum Slave To The Grind e todo aquele peso para a época pairava um cheiro estranho no ar. O que será que está acontecendo? O Warrant vem com Dog Eat Dog em 1992 com peso e certa dose de modernidade em seu som. Em 1993 o Winger lança Pull, mostrando ao mundo a qualidade dos músicos da banda, o disco vinha calcado num som pesado e moderno. Ainda em 1993 um medalhão do Hard Rock adere à nova sonoridade, o Scorpions lança Face The Heat e assusta alguns fãs com uma sonoridade pesada e sinistra. 1994. Outra grande banda do Hard Rock lança o que seria o álbum divisor de águas nesse inicio de mudanças, Motley Crue o álbum homônimo trazia peso e modernidade nunca vistos no hard rock. Com um novo vocalista a banda foi além do que se esperava, vale ressaltar que em 1991 na coletânea Decade Of Decadence o Motley Crue dava os primeiros passos rumo a essa nova sonoridade com a canção Primal Scream ainda com Vince Neil nos vocais. Até o final da década de 90, bandas como Skid Row, Firehouse, Slaughter, Dokken aderiram a essa nova sonoridade solidificando uma tendência que começara no inicio da década.
Faltava a essa nova sonoridade um hit, uma música que colocasse o estilo em evidência novamente. O ano era 2000 e a Mtv solta no ar o clip de It’s My Life, o Bon Jovi, assim como aconteceu em meados dos anos 80 fora o responsável por levar o Hard à mídia de massa. It’s My Life trazia o peso das afinações mais baixas, a influência de musica pop, batidas eletrônicas misturadas ao Hard Rock competente de John e Cia, o álbum Crush vinha recheado desses ingredientes. O estilo é alçado a um novo patamar.
A década de 2000 solidificou essa nova sonoridade dentro do Hard Rock. Motley Crue, Bon Jovi, Scorpions, Europe, Jeff Scott Soto, Gotthard, moldaram seu som a nova realidade. Motley Crue e Scorpions recentemente gravaram discos voltando as suas raízes musicais, afinal de contas essas raízes nunca foram abandonadas, a elas foram acrescentadas novas nuances que só valorizaram o som dessas bandas e do próprio Hard Rock.
Na minha humilde opinião se a banda resolve adicionar novos elementos ao som ou voltar as suas origens, pouco importa, desde que sua música seja feita com o coração. Quando se segue à ordem natural das coisas, primeiro a música agrada ao compositor, depois vai ter quem goste e que não goste, mas no fim das contas o que vale mesmo é o velho feeling.
D. Fernando
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