Esses caras tinham tudo para dar certo: músicos experientes, grandes instrumentistas, prestigio no cenário da época e muito, muito talento. O que deu errado? Essa pergunta eu me faço até hoje. Conflitos internos, a velha guerra de egos, o estilo que entrava em decadência justo quando eles despontaram para o mundo, sabe se lá o que mais. O que eu posso dizer é que este é um daqueles grupos que se tornaram cult pelos fãs do estilo, no caso aqui o Hard Rock.
Badlands o disco abre com High Wire e meu amigo, Jake E. Lee mostra a razão de ser considerado um dos grandes do estilo. A introdução dessa canção é maravilhosa, que riff fantástico, fãs de Hendrix e Page encontram aqui um prato cheio para se deliciarem, mas não se enganem quem acha que Jake limita-se a copiar seus mestres, esse cara tem talento de sobra para imprimir personalidade própria à coisa toda.
Dreams In The Dark é o maior hit da banda até hoje, hard rock clássico, destaque para esse fantástico vocalista chamado Ray Gillen, esse cara canta como poucos. Dos versos ao refrão essa musica contagia, eles souberam dosar com destreza algo entre um som mais trabalhado e o que se tocava nas rádios. Clássico.
Além de alguns detalhes na canção citada no parágrafo anterior não espere nada que lembre as bandas dos anos 80 aqui. O Badlands teve personalidade e não seguiu a moda em voga naquele momento. Jade’s Song é uma belíssima instrumental acústica que serve como introdução para a Zeppeliana Winter’s Call, canção de extremo bom gosto com riffs certeiros e um andamento muito agradável cortesia de Greg Chaisson e Eric Singer, baixo e bateria respectivamente.
O disco é calcado em um instrumental acima da média. Dancing On The Edge, Streets Cry Freedom despejam riffs certeiros, vocais poderosos, baixo e bateria formando uma cozinha precisa e consistente.
Hard Driver foi feita para ser escutada na estrada, Eric Singer introduz a música de maneira pesada e criativa para uma seqüência de riff e solo de tirar o fôlego. Os vocais aqui estão perfeitos, preste atenção, ou melhor nem precisa presta atenção, o contrabaixo salta aos seus ouvidos numa pegada segura e criativa, diga-se de passagem uma constante nesse disco.
Rumblin’ Train é um blues com uma marcação muito gostosa de se ouvir, hey que tal uma cerveja hein?
Devil’s Stomp, assim como Winter’s Call começa bem lenta e depois vira uma rifferama absurda, sem fala do solo. Alias os solos nesse disco são um destaque a parte. Não exagero quando digo que Jake E. Lee é um dos maiores guitarristas do Hard Rock, influenciou muita gente que está por aí hoje. Vale lembrar que Jake toca profissionalmente desde a década de 70, mas só foi reconhecido quando participou da banda de Ozzy Osbourne em meados dos anos 80.
Seasons nos remete ao Black Sabbath fase Dio. Belíssima balada com uma interpretação vocal linda de Ray Gillen. Gillen foi vocalista do Sabbath logo após a saída de Glen Hugues da banda e só não gravou os álbuns seguintes por problemas empresariais. Existem gravações na net com os vocais de Ray no álbum Eternal Idol e não precisa dizer que ficaram maravilhosas apesar da baixa qualidade das gravações por se tratar de uma demo tape.
Ball And Chain fecha o disco com outro show da banda, riff em cima de riff, baixo e bateria precisos e pesados e um vocal fora de série.
Badlands a banda que tinha tudo para ser e não foi. Um disco repleto de musicas maravilhosas, uma line up fantástica, um guitarrista soberbo e um vocalista não menos que isso...Enfim, Badlands 1989 eu recomendo!
Badlands:
Ray Gillen – Vocals
Jake E. Lee – Guitars
Greg Chaisson – Bass
Eric Singer - Drums
D. Fernando
Publicado originalmente no Blog Rockeiros, poetas e loucos.